terça-feira, 3 de maio de 2011

O QUE É LIBERDADE? REFLEXÕES SOBRE A VIDA CRISTÃ E SUAS MUITAS REGRAS



Pelo título do texto vocês já devem saber qual texto tenho em mente. Pois é, ele mesmo, João 8.31-32: “Se vós permanecerdes na minha palavra sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Mas hoje não estou para exegese, quero fazer algumas reflexões pessoais sobre esse tema da liberdade, e depois, sobre a verdade que a ela costuma sempre estar ligada nos discursos cristãos. Seguindo o texto, geralmente falamos primeiro da verdade, para depois dizer que ela deve nos libertar, mas vou fazer o caminho contrário, por achar a “verdade” algo muito subjetivo, que só posso definir partindo do meu conceito de “liberdade”.



Para ir direto ao ponto, sempre defini liberdade como o poder e o direito de decidir. Ser livre não quer dizer que posso fazer de tudo, quer dizer que tenho a condição de dizer sim a algumas coisas, e não a outras, desde que a resposta tenha sido espontânea, própria, o mais livre possível de influências ou pressões. Um dependente químico sempre diz sim, mas não é livre para dizer não. Isso não é liberdade! Um cristão é livre quando pode dizer sim ou não a tudo. Nada lhe está vedado, ele pode julgar por si mesmo e decidir o que fazer.



Talvez eu esteja exagerando. Claro que há um parâmetro para guiar as nossas decisões cristãs. Não decidimos com base nas vontades instintivas, nem com base em hierarquias, nem com base em tradições, nem com base em mandamentos. O critério para cada decisão é a própria vida. Segundo Mateus 22.37-40, toda a Lei e os Profetas são cumpridos quando nós amamos a Deus e ao próximo. Deus e o próximo não são duas coisas diferentes aqui, quando falamos de ação, são quase sinônimos. Lembra-se que quando vestimos aquele que está nu, estamos vestindo Jesus? Lembra-se que quando negamos comida ao faminto, estamos negando comida a Jesus? (Mateus 25.31-46) Então, neste caso, façamos o bem ao nosso semelhante e os dois mandamentos estão cumpridos. Quer dizer, não há caridade para com Deus, boas obras, ou qualquer coisa que faça Deus mais rico ou mais pobre. Quando o amor a Deus extrapola os sentimentos e se manifesta fisicamente, como uma ação, ele é uma atitude benéfica para com outros seres humanos.



Esse é o parâmetro para o homem livre, tratar nossos semelhantes como gostaríamos que todos nos tratassem (Mateus 7.12), fora isso não há limites. Então, eu posso comer a carne de um boi que foi sacrificado aos demônios num ritual qualquer (1Coríntios 8.1)? A decisão é nossa, eu posso dizer sim ou não e isso não significa muito para Deus. Mas temos que pensar no irmão que por ignorância fica com a consciência “contaminada” (v. 7). Se isso faz mal ao irmão, então dizemos não à carne sacrificada, e assim cumprimos a Lei do amor. Mas se estou só eu, e não ligo pra isso, digo sim, como meu churrasco e tenho paz com Deus. Não sou hipócrita por agir de maneira diferente em cada situação, sou livre.



Em Mateus capítulo 12 temos algumas narrativas sobre Jesus agindo num sábado. Ele primeiro quebra a Lei do sábado ao deixar que os discípulos colhessem espigas quando tinham fome (v.1-8), depois ele volta a quebrar o sábado porque cura um homem dentro da sinagoga (v. 9-13), e por fim ele exorciza outro homem (v. 22-23), terminando de quebrar a tradição e suscitando o ódio dos religiosos. Esse é um bom exemplo de que não há Lei a não ser a Lei do amor ao próximo. Qualquer mandamento, tradição, hábito, regra ou dogma que porventura viole a Lei do amor, pode ser quebrada sem peso na consciência. Eu já disse isso antes, mas vou repetir: O homem não foi criado para a Bíblia ou para a religião, elas é que foram criadas para o homem.



A partir de agora vou colocar mais pimenta na discussão, trazendo algumas perguntas atuais que os cristãos encontram dificuldades para responder. Claro que vou abordar temas com os quais me identifico, casos em que já meditei antes. Estou pronto a ouvir as opiniões alheias, e aberto a novas sugestões de perguntas que podemos tentar responder. Vou fazer isso pausadamente, talvez postando um exemplo por dia. Visite o blog e opine.



Aí vai a primeira pergunta:



Pergunta 1: Pode o cristão fumar cigarro? À primeira vista, com base na Lei do amor ao próximo que nos faz livres para decidir, ele pode, desde que não faça com que outros fumem passivamente. O uso do cigarro faz mal só ao próprio fumante neste caso, e fumar torna-se falta de inteligência, não necessariamente um pecado. Mas pensando que podemos influenciar negativamente outras pessoas (principalmente os nossos filhos) com tal hábito prejudicial, e que isso causa dependência e tira nossa liberdade de escolha no final, eu diria que não convém fumar.





Ofereça-nos sua opinião, sugira novas perguntas, e acompanhe o blog para ver como lido com estes temas no dia a dia, sempre guiando-me pela Lei do amor, que nos dá a verdadeira liberdade.




4 comentários:

Anônimo disse...

Bom tocar nesse assunto, um tormento para muitos cristãos. Particularmente, não vejo problema em fumar, por exemplo. Desde que isso, como bem disse no texto, não cause "problemas" para o meu próximo. Mas, para chegar a essa conclusão, levei tempo...

Anderson de Oliveira Lima disse...

Boa obsevação João! Desculpe por ter excluído sem querer seu comentário, mas aí vai minha resposta.

Os cristãos livres são sempre criticados pelos não-livres. Os radicais acham que é necessário adotar uma posição fixa e pronto, e não entendem a liberdade que temos. Lembra-se de Paulo, quando foi radical ao acusar Pedro de hipocrisia por se dar bem com judeus e gentios (Gl 2.10ss)?

Infelizmente os grupos antagonistas não aceitam qualquer aproximação, e nós dificilmente traremos esta paz ao mundo. Porém, procuramos agir assim, ensinando, dando bons exemplos, sendo amigo e também testemunha do cristianismo de liberdade a todos, para que cada um encontre para si o caminho desta mesma liberdade.

Obrigado por comentar.

Anônimo disse...

Outro tema muito bom!

Um certo dia, em uma reunião de trabalho um cliente ao finalizar a compra, levei ele até o estacionamento da empresa, ele ascendeu um cigarro e me disse: Eu sou livre, não sou cristão cheio de usos e costumes... Posso fazer o que quiser, inclusive fumar porque isso não me condena pois sou livre.
Olhei para ele e soltei uma bela gargalhada. Disse a ele o seguinte: Livre aqui sou eu, não você! O Cigarro não me prende, eu domino ele... sou livre em querer fumar esse seu cigarro e não querer fumar mais... Ou querer fumar amanha e talvez outro daqui um mês. Porque eu sou livre... o preso aqui é você, que não pode ficar sem o cigarro. Isso lhe torna um viciado e prisioneiro do cigarro.

Acredito que tudo parte do bom senso. Seria o mesmo que dizer: Não coma isso que vai lhe fazer mal e você comer e passar mal RSRS... Não se trata de pecado, se trata de amor a si mesmo. Se você não consegue amar a si mesmo, quem dirá amar o próximo.

Concluo dizendo: Fumar não é pecado, mas fumar lhe causa pouco amor a si mesmo, que resume q vc não tem amor ao próximo e muito menos amor a Deus.

Mais uma vez: Parabens pelo texto Professor.

Anônimo disse...

Bom quando ao cigarro é provado que faz mal ao próximo também, pois as pessoas próximas são fumantes passivos. Eu penso assim será que Jesus fumaria? na minha opinião não então não devo fumar.