terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O MOVIMENTO DE JESUS: UM PROJETO DE LIBERTAÇÃO E JUSTIÇA SOCIAL

Introdução:

O Movimento de Jesus não foi o início de uma nova religião ou uma iniciativa para a implantação do cristianismo no mundo, mas um movimento que nasceu dentro do judaísmo do primeiro século da era cristã com motivações não apenas religiosas, mas também sociais e políticas. Ele era constituído principalmente por pessoas marginalizadas que simpatizavam com o líder carismático Jesus de Nazaré e seu discurso, e inicialmente esteve restrito à região da Galiléia, nos arredores da margem norte do Lago de Genesaré, onde aparentemente residia a maioria dos primeiros seguidores de Jesus. Tinha como objetivos 1) motivar uma transformação interna e pacífica na sociedade através da busca pelo ideal que era exprimido através da metáfora do reino de Deus, identificada como centro do discurso de Jesus; e também 2) a transformação dos indivíduos envolvidos no movimento, que eram chamados ao arrependimento e seguimento, ou numa linguagem posteriormente adotada pelo cristianismo, à conversão. Foi apenas depois da morte de Jesus e do surgimento dos polêmicos relatos de sua ressurreição, que se dá início a um novo movimento judaico que logo tornou-se essencialmente religioso e dedicou-se a anunciar Jesus como o Messias, o libertador enviado por Deus que era esperado pelos judeus. Essa nova seita posteriormente seria forçada pelas suas desavenças teológicas a separar-se do judaísmo, dando origem, contra a vontade de muitos, a uma nova religião chamada cristianismo.

Nesse breve artigo, analisaremos algumas das mais marcantes características constatáveis no Movimento de Jesus que têm sido esquecidas mesmo pelos mais assíduos leitores da Bíblia. Nos basearemos durante nosso estudo, naquilo que nos dizem os textos dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e os estudiosos do Novo Testamento em geral. Procuraremos demonstrar com poucas páginas, que o Movimento de Jesus foi um ajuntamento de pessoas da classe oprimida buscando libertar sua sociedade através de discursos e ações indiretas de protesto. Um movimento que nasce, como tantos outros movimentos populares de protesto, como evidência do fracasso das instituições que deveriam civilizar o homem. O Movimento de Jesus, se não foi a mais bem sucedida de todas as tentativas já feitas nessa luta infindável pela liberdade, foi provavelmente a mais famosa.


1 – O Movimento de Jesus como inimigo das instituições coercitivas:

Para nortear nossa análise do Movimento de Jesus, seguiremos algumas reflexões de Sigmund Freud, registradas principalmente em “O Futuro de uma Ilusão”, de 1927. Freud demonstra por meio de argumentos convincentes, que a sociedade cria instituições com fim de regular as relações humanas controlando os seus instintos. Freud afirma que por natureza, os homens desejam possuir os bens alheios, reagir com violência às ameaças externas, dominar uns aos outros; ou seja, seus instintos são destrutivos e precisam ser controlados. É exatamente nossa capacidade de controlar os instintos que nos diferencia dos animais e nos faz civilizados. Os traços mais marcantes dessa civilização são vistos em instituições nitidamente coercitivas como o Estado, a religião e a família, todos opressores das vontades humanas instintuais, mas necessários para que sobrevivamos sem o medo de que a qualquer momento alguém nos mate para roubar nossos bens e esposa. O problema ganha novos contornos quando dentro de tais instituições, outros homens se deixam dominar pelos seus instintos egoístas e usam seu poder para oprimir. Nesses casos nada incomuns, em vez de proteger a humanidade das ações irracionais e destrutivas, as instituições tornam-se elas mesmas os inimigos da civilização, fazendo dos mais fracos seus objetos de exploração.

Sob este ângulo, o Movimento de Jesus pode ser descrito como uma iniciativa nascida do desejo de mudança por parte de um povo oprimido, cansado da exploração excessiva imposta pelas instituições coercitivas do seu tempo. Os três principais instrumentos coercitivos (Estado, religião e família) são todos desafiados na pregação de Jesus, que foi desde sempre, contrária à classe regente que embora comportasse algo em torno de 1 a 2% da população somente, oprimia todos os demais através de confiscos, desapropriações, impostos ou exigências tributárias, e a coerção para a prestação de serviços. Nas seções seguintes nos dedicaremos à tarefa de exemplificar brevemente como Jesus e sua mensagem atacaram as instituições coercitivas do seu tempo.

1.1– O Movimento de Jesus contra o Império Romano:

A primeira dessas instituições coercitivas, o Estado, personificado nos dias de Jesus pelo Império Romano, é indiretamente compreendido nos evangelhos sinóticos como uma instituição destinada à ruína. Isso está implícito no anúncio da irrupção do reino de Deus, que é claramente a figura empregada para descrever um tempo futuro em que os poderes seriam tomados por Deus. A esperança de Jesus era a implantação de uma teocracia, e o reino é, neste sentido, uma afronta ao poder Imperial. Era, em outras palavras, um convite para que os ouvintes agradassem mais a Deus que ao imperador, já que em breve aquele, e não este, reinaria. Não por coincidência, o anúncio do reino de Deus vinha acompanhado da tentativa de se inaugurar uma espécie de sociedade alternativa, regida por leis próprias condizentes com as leis de Deus. Evidentemente não foi por acaso que tais expectativas acabaram por levar o líder dessa sociedade à morte.

Todavia, a mensagem de Jesus só veio mesmo a ser vista como um problema real pelo império quando Jesus é identificado como Messias, título que é uma mescla dos papéis de rei e de portador transcendente de salvação. Difícil dizer se o próprio Jesus se designava Messias ou se este título é uma atribuição posterior à sua morte; mais difícil ainda é saber se Jesus reivindicava o poder real quando se dizia Messias, pois como crítico do império, é provável que a posição de rei não lhe fosse desejável. Mas é fácil saber que aos olhos de boa parte dos seus ouvintes e discípulos, Jesus comparava-se a um rei, o que vê-se através de vários exemplos dos evangelhos sinóticos. Em Mc 2.25s, quando Jesus responde aos opositores que o julgam por não guardar a lei do sábado, se compara ao rei Davi, que como rei, viola as leis do Templo sem que por isso seja considerado um transgressor rejeitado pela tradição. Em Mt 21.1-5, quando ele pede que seus discípulos lhes tragam um jumentinho para que sobre ele entre em Jerusalém, Jesus cita um texto do profeta Isaías dizendo: “Eis aí te vem o teu Rei...” (v. 5). A própria entrada triunfal, se não é uma forma de reivindicar honrarias reais, é ao menos uma imitação sarcástica que zombava do imperador e do rei cliente Herodes Antipas, que costumavam preparar chegadas pomposas nas cidades que visitavam. Esses exemplos já nos mostram como é provável que desde cedo Jesus tenha sido interpretado como um pretendente real.

Colocado no papel de um pretendente a soberano, Jesus torna-se um criminoso perigoso, um rebelde. Foi assim que Jesus foi acusado diante de Pilatos (Mc 15.2). Para o governador, não tinha qualquer importância a ameaça de Jesus ao templo, suas atitudes proféticas ou mesmo se alguns diziam que ele era o Filho de Deus, somente como pretendente a Messias e rei ele podia ser incriminado. Por isso, na cruz em que foi pregado estava escrita a razão pela qual Jesus foi assassinado; ele era o “Rei dos Judeus” (Mt 27.37).

Em resumo, o poder romano foi considerado abusivo por Jesus, e sua reação a ele foi a criação de um movimento que acreditava que tempos mais justos estavam por vir, e tinha como meta a proclamação desse desejado reino de Deus. Pena que tais ações logo foram identificadas como crimes contra o Império, e esse admirável revolucionário, assassinado ainda no início do seu movimento.

1.2 – O Movimento de Jesus contra o Templo Herodiano:

A história do Templo de Jerusalém é longa e complexa demais para que a apresentemos aqui, todavia, apresentar exemplos em que Jesus revela-se como um opositor à religião oficial é tarefa a que podemos nos deter. O ataque de Jesus ao Templo é mais direto do que seu ataque ao império; ele é o alvo da sua ida até Jerusalém, pouco antes de ser morto.

O edifício grandioso do Templo que teoricamente deveria servir aos interesses religiosos do povo tornara-se, nos dias de Jesus, uma grande organização burocrática que dependia de grande arrecadação para que se mantivesse. Sacrifícios, dízimos, ofertas e impostos eram cobrados sob o pretexto de assegurar a bênção de Deus sobre a nação, mas acabavam sendo usados mesmo para manter a luxuosa forma de vida da elite sacerdotal. Além do mais, essa elite que já impunha um pesado encargo econômico ao povo para manter o status adquirido, cuidavam também dos interesses de Roma dentro de Jerusalém, tornando-se odiosos aos olhos de muitos. Jesus estava entre esses nativos que aborreciam a dominação romana e voltava-se agora contra a aristocracia sacerdotal.

Temos nos evangelhos algumas passagens que fazem referência ao modo como Jesus combateu a opressão imposta pelo Templo de Jerusalém e seus administradores. Um primeiro exemplo temos em Mt 17.24-27, que combate a obrigatoriedade de se pagar o imposto do Templo. No texto um cobrador do imposto do Templo vem a Pedro, que procura Jesus. Então, Jesus argumenta sobre o direito de não pagar impostos, mesmo que na passagem, provavelmente alterada pelo trabalho redacional do judeu-cristão Mateus, o imposto acaba sendo pago a fim de evitar escândalos. Em Mc 11.15-19 encontramos um segundo bom exemplo. Nele lemos uma perícope que normalmente é intitulada como “A purificação do Templo”. Para o conceituado estudioso do Novo Testamento John Dominic Crossan, esse título é um equívoco de interpretação, visto que não havia nada errado na prática comercial realizada no Templo que o fizesse impuro; o ato de Jesus consistia então, num ato de destruição simbólica, num protesto que anunciava a necessidade de destruição de algo que não atende às expectativas para as quais existe.

Acima dissemos que diante de Pilatos Jesus foi acusado como um pretendente real; diante do Sinédrio, porém, Jesus foi acusado por suas ameaças ao Templo. Até mesmo as comunidades judaico-cristãs das quais nasceram os livros do Novo Testamento constrangia-se com a ameaça que o Jesus histórico fizera ao Templo, no entanto, há evidências de que tais ameaças tenham sido reais.

1.3 – O Movimento de Jesus contra a Família:

O cristianismo como religião preservou em sua história a luta pela preservação de um modelo tradicional de família. Porém, de maneira surpreendente para grande parte dos cristãos, os documentos conhecidos que nos informam sobre o Movimento de Jesus nos revelam que Jesus trabalhou na direção oposta; em vez de ensinar a preservação da família, Jesus lutou contra ela, como se ela fosse um instrumento coercitivo tão opressor quanto o Estado e a religião institucionalizada. Como se explica tal contradição?

Jung Mo Sung, em seu livro “Cristianismo de Libertação: espiritualidade e luta social”, fala sobre o papel da família dentro da luta pela humanização das pessoas. Ele declara que a família, quando presa a um modelo absolutista e conservador, pode tornar-se um instrumento de coerção por não atender às dinâmicas formas de relacionamento humano: Suas palavras são: “A absolutização de determinado modelo de família, assim como a de qualquer modelo de igreja ou de sociedade, sempre acaba produzindo formas de opressão e dominação porque a riqueza humana e das relações sociais é sempre maior e mais complexa do que qualquer modelo.”
Aceitamos tal explicação como a hipótese mais provável para se entender a motivação anti-família típica do Movimento de Jesus. Supomos que para Jesus, o modelo de família que sua sociedade impunha àqueles que queriam manter seu status era inadequado, o que pode se tornar um sinônimo de opressão dependendo da intensidade com que tal imposição se dá. Diante dos ideais de Jesus à frente do seu movimento, o casamento, a criação de filhos e as responsabilidades familiares que a primogenitura lhes apresentava eram limitações que deveriam ser evitadas. Em pouco tempo, formas diversas de combate ao modelo familiar tradicional foram desenvolvidos para que as normas que regulamentavam o comportamento das pessoas dentro do movimento pudessem atender tanto ás necessidades pessoais, quanto aquelas que estavam inseparavelmente ligadas à mensagem que lhes unia.

Crossan diz, ao comentar Mateus 10.34-36, texto em que Jesus diz que veio para trazer divisão às famílias e não paz, que tais convulsões causadas por Jesus dentro da família têm origem no seu projeto de quebrar os padrões hierárquicos tradicionais em sua sociedade. Neste sentido, o ataque de Jesus à família assemelha-se ao seu ataque às demais instituições coercitivas do seu tempo, mas aqui, o poder dos seus opositores não pôde tirar-lhe a vida. Parece-nos também provável que uma das principais razões para a luta de Jesus contra o padrão familiar vigente estava na estratégia que adotara para a propagação de sua mensagem pelas aldeias da Galiléia. Desde o princípio da sua atividade, Jesus deixou o convívio familiar para tornar-se um pregador itinerante, e tudo indica que seus principais discípulos foram aqueles que o ouviram ensinar na Galiléia e aceitaram segui-lo segundo este mesmo modo de vida migrante (Mc 1.16ss). Trabalho, casa e família tinham que ficar para trás ou ao menos em segundo plano se alguém pretendesse viver como Jesus e ser um de seus discípulos.

Alguns conhecidos textos dos evangelhos tornam-se significativos mediante essa compreensão. Este é o caso de Mateus 8.19-22, em que o autor do evangelho une um texto em que Jesus fala da dificuldade da vida itinerante a outro que trata do rigor de Jesus quanto à necessidade de se deixar para trás a família. Para Jesus, era necessário amar a Deus acima de todas as coisas (Mc 12.33), seus seguidores tinham que amá-lo e à sua missão mais do que à família (Mc 10.37).

Mesmo naqueles dias, é provável que tal rigor no convite aos discípulos do círculo mais próximo tenha causado polêmicas e até encontrado sérias oposições entre as famílias divididas pelo movimento. Sabemos que nem todos aqueles que simpatizaram com a mensagem de Jesus estiveram também dispostos a deixar tudo para trás, e a multiplicidade de formas de cristianismo incipientes que são constatáveis em diferentes regiões da Palestina e fora dela no primeiro século, talvez tenha parte de sua origem nesses simpatizantes sedentários que adaptaram a expectativa do reino de Deus às suas próprias formas de vida, nas aldeias em que trabalhavam seus campos e criavam seus filhos.

Sobre os opositores do chamamento radical que Jesus fazia para o ingresso num ministério itinerante, Gerd Theissen escreveu: “Os adeptos do movimento de Jesus se defenderam da acusação de uma ética alheia à família. Em parte se justificaram dizendo que remodelaram o conceito de família: verdadeiros parentes não seriam os membros natos da família, mas aqueles que ouvem e cumprem a palavra de Deus”.

O movimento então, para amenizar os conflitos que sua política anti-família podia trazer, instrui seus membros a aceitarem o convívio no grupo como uma substituição à família co-sanguínea. A comunhão de bens e a solidariedade entre os membros eram características indispensáveis mediante essa proposta; convenciam os membros de que sua opção pelo grupo em vez da família era boa, conforme se lê em Marcos 10.29-30. Eles encontraram na mutualidade um meio de fugir às opressões que o estado e a religião lhes impunha, e que a família tradicional ensinava e apoiava. No grupo, eles podiam viver sob novas leis, normas controladoras dos instintos criadas por eles mesmos, que consideravam boas e fiéis à vontade de Deus; além disso, podiam permanecer mais unidos no projeto de anunciar a intervenção apocalíptica de Deus sobre o mundo, a fim de prepará-lo para a chegada do novo tempo.

A rebelião contra a família é sem dúvida a mais polêmica das três principais formas de protesto político-social constatáveis no Movimento de Jesus, e também a mais difícil de entender, especialmente se consideramos que Jesus e seus seguidores eram parte de uma sociedade coletivista, onde não se pensava em sucesso pessoal independente do grupo de origem. A integridade da família, a segurança e a honra do grupo como um todo eram, em geral, prioridades. O status era medido não pelas realizações profissionais ou pelas conquistas de uma pessoa, mas pela sua aceitação dentro do seu grupo e pela sua contribuição ao mesmo. Não se deve estranhar que em sociedade coletivistas como essas os indivíduos não hesitem diante da necessidade dar a vida pelo grupo. Natural sob esta ótica é a rivalidade de Jesus e seus seguidores da Galiléia para com os romanos, ou mesmo para com os membros judeus da aristocracia sacerdotal. Estes eram entendidos como grupos distintos; isso era suficiente para que fossem rivais. Entretanto, a insubmissão de Jesus aos padrões familiares é um problema que vai além do que nós, pela mera leitura dos textos dos evangelhos, podemos assimilar.

Muitos são ainda os exemplos e os detalhes que se referem à maneira radical de vida adotada por Jesus e seus principais seguidores que mereceriam nossas considerações. Por hora, o que foi dito é suficiente para que entendamos que a família era para Jesus uma instituição opressora, e que foi a primeira a ser negada quando Jesus dá início ao seu movimento de protesto contra os abusos sofridos pelo seu povo, os camponeses da Galiléia.

Conclusões

Protestar contra instituições e sistemas-sociais opressores sempre foi uma característica essencial do cristianismo, ou pelo menos deveria ser, visto que ele nasceu de um movimento cujos principais objetivos sempre foram mais sociais e políticos que religiosos. Mas sem Jesus, o movimento foi gradualmente desviando-se do seu objetivo inicial, e após a atuação de homens influentes como Paulo, que adaptaram o cristianismo para que fosse recebido por culturas não judaicas, a nova religião trocou suas preocupações com o mundo pelas preocupações com o céu, como relata Rubem Alves em Religião e Repressão, uma obra em que analisa o protestantismo brasileiro: “O protestantismo [...] nunca articulou, espontaneamente, uma ética social. O seu problema é outro. Preocupa-se com a salvação da alma. Por isso a questão da transformação do mundo sempre lhe pareceu um desvio perigoso. A sua ética é individual e não social”. Ou como escreveu Jürgen Moltmann em sua célebre obra Teologia da Esperança: “... o cristianismo, em sua forma social, aceitou a herança da antiga religião de Estado e se instalou como ‘coroa da sociedade’, como ‘meio santificador’, perdendo assim sua força inquietadora e crítica, proveniente da esperança escatológica”.

No fim das contas, o cristianismo distanciou-se tanto das suas origens como movimento de protesto contra instituições opressivas que institucionalizou-se, tomou para si os deveres de Estado, e transformou-se, por incrível que pareça, numa das instituições mais opressoras (se não a mais opressora) que a história humana já conheceu. Ao que tudo indica, Jesus de Nazaré, se revivesse séculos depois, lutaria acirradamente contra esta religião criada em seu nome, e acabaria, muito provavelmente, sendo novamente assassinado por ela.

Talvez, se o cristianismo de hoje retrocedesse com mais freqüência ao Jesus histórico, se voltasse até suas origens como movimento de renovação social, pudesse concretizar o sonho que norteou o trabalho de revolucionários, religiosos e cientistas, como Freud ou Jesus; o sonho por construir um mundo melhor, mais humano ou civilizado.