quinta-feira, 26 de abril de 2012

NOVO ARTIGO PUBLICADO: O MISTICISMO DO EVANGELHO DE TOMÉ


Venho divulgar a publicação de mais um artigo meu, que pretende contribuir com o conhecimento que temos sobre os "cristianismos primitivos". O título é "O Misticismo do Evangelho de Tomé", e no texto abordo algumas das formas de se ler Tomé, avaliando opiniões de conhecidos estudiosos da área. Por fim, concluo que a leitura mais coerente é a que privilegia o misticismo presente em Tomé, e termino comentando algumas passagens desse valioso documento.

Aos interessados, o artigo pode ser baixado gratuitamente em PDF no site da Revista Orácula, da Universidade Metodista de São Paulo: www.oracula.com.br.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

LIÇÕES QUE VÊM DO BERÇO

Meus pais não me obrigaram a chamá-los de "senhor" e "senhora", pois não me criaram para ser um servo de homens.

Meus pais não me "abençoavam" quando eu estava para sair ou para ir dormir, pois não queriam que minha fé dependesse de intermediários humanos.

Meus pais não me batizaram na infância, e me ensinaram que a liberdade religiosa é um direito de todo ser humano.

Meus pais priorizaram minha educação, e não sonharam em me fazer jogador de futebol. Sabiam que era melhor garantir um bom cidadão do que sonhar com um milionário ignorante.

Meus pais nunca privilegiaram nenhum dos filhos em nenhum sentido, me ensinando que é possível ser feliz sob um regime igualitário, não competitivo.

Meus pais sempre demonstraram que eu poderia contar com eles em tudo e em qualquer ocasião, e assim aprendi que nenhuma amizade ou vínculo cristão substituiria a família.

Por tudo isso é que sempre foi tão difícil pra mim aceitar ordens de quem quer que seja. As igrejas vão ter que melhorar muito para que eu venha a ser parte de alguma delas.


Este texto foi escrito para as redes sociais.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

AUTOBIOGRAFIA

Amigos, estou preparando meu "Projeto de Qualificação" para o doutorado, um trabalho onde fazemos um relatório de todas as atividades realizadas no curso e pela primeira vez falamos sobre nosso trabalho de pesquisa para outros avaliadores além do próprio orientador. Neste trabalho, devemos escrever algumas linhas sobre nós mesmos, produzindo uma autobiografia da nossa vida acadêmica. Assim, escrevi duas páginas sobre minha carreira e aproveito para divulgá-la aqui, no blog, aos que porventura tiverem o interesse. Não penso que eu seja uma celebridade e que existam muitos interessados nessa história, mas talvez essas linhas sirvam aos estudantes que também pensam em seguir caminhos similares. Vamos à minha história acadêmica?:


Meu nome é Anderson de Oliveira Lima. Sou brasileiro, nascido em São Paulo no dia 10 de julho de 1978. Começo 1999, ano em que me tornei bacharel em música (com especialização em violão erudito) pela Universidade Cruzeiro do Sul, que fica na zona leste de São Paulo, próximo ao lugar em que morava. Complementei minha formação musical estudando por alguns anos na Escola Municipal de Música de São Paulo, e em todo este período, tive o privilégio de estudar e tocar com alguns violonistas renomados como Giácomo Bartoloni, Paulo de Tarso Salles, Everton Gloeden, Roger Eon, Nander Novais e Henrique Pinto. Por conta de toda a experiência adquirida, trabalhei como professor de música em várias escolas, carreira que foi interrompida em 2008 pelas exigências de minha outra área de interesse.

Voltando um pouco, devo dizer que foi no ano 2000 tive meus primeiros contatos com a Bíblia, livro que desde o princípio me fascinou e me levou a estudar teologia e a procurar algum envolvimento religioso. Por aproximadamente seis anos, fui membro da igreja “Tabernáculo O Brasil Para Cristo” na Vila Jacuí, na zona leste da cidade de São Paulo. Lá desenvolvi diversas atividades, dentre as quais, as que considero mais importantes são: a) exerci papel importante na implantação de um trabalho de pequenos grupos que permitisse uma melhor administração da igreja que tinha cerca de 1500 membros na época; b) escrevi apostilas diversas, tanto para novos membros como para líderes; c) lecionei e escrevia mensagens semanalmente para diferentes meios de comunicação próprios da igreja. Enfim, sinto que contribuí positivamente para o crescimento daquela comunidade cristã enquanto fui dela participante.

Todavia, nunca tive pretensões de exercer qualquer função pastoral, motivo pelo qual, durante três anos estudei disciplinas selecionadas no “Instituto Bíblico do Brasil”, no bairro da Penha, também na Zona Leste. Foi neste período, em meados de 2006, que tive conhecimento de um curso que seria oferecido pela Universidade Metodista de São Paulo, curso que nortearia meus próximos anos de vida acadêmica.

Ingressei com muito interesse neste curso, um Lato Sensu que oferecia o título de “Especialista em Bíblia: com ênfase na tradição profética”. Professores como Milton Schwantes, Paulo Roberto Garcia e Paulo A. de Souza Nogueira, ofereçam-me ferramentas exegéticas que há muito ansiava, e mesmo após terminar o curso no início de 2008, não desejava desligar-me da Universidade Metodista.

Não há dúvidas de que um dos acontecimentos mais significativos da minha vida acadêmica foi o ingresso no mestrado em Ciências da Religião naquela mesma instituição de ensino. A contemplação com a bolsa de estudos integral da Cape’s foi decisiva para que eu pudesse me desligar das aulas de música e das minhas atividades na já mencionada igreja evangélica, de modo que os vinte e dois meses transcorridos até a conclusão deste curso foram muito bem aproveitados. Meu objeto de estudo foi o Evangelho de Mateus e sua linguagem econômica, e obtive êxito na pesquisa, obtendo o privilégio de ser aprovado com louvor pela banca avaliadora composta pelos doutores Paulo Roberto Garcia (orientador - UMESP), Paulo A. de Souza Nogueira (UMESP) e Pedro Lima Vasconcellos (PUC-SP), em Junho de 2010.

Imediatamente após a aprovação no mestrado, dei início ao processo seletivo para o doutorado na mesma instituição, a fim de seguir com minha carreira acadêmica e aprofundar aquela mesma temática em torno da linguagem econômica de Mateus. Desta vez, com o apoio de uma bolsa de estudos do CNPq, pude também dedicar-me às atividades letivas de minha área de pesquisa um dia por semana, tarefa recompensadora pela experiência profissional que proporciona, e pelos sempre ricos contatos com outros estudantes e professores. A instituição que me acolheu desde então em seu curso de teologia é o ICEC (Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos), seminário teológico da igreja Betesda, localizada na zona sul da cidade de São Paulo. Ali, tenho atuado como professor de Novo Testamento e Grego Bíblico nos últimos semestres.

Uma última conquista acadêmica a ser mencionada é a publicação de meu primeiro livro, intitulado Introdução à Exegese: Um Guia Contemporâneo para a Interpretação de Textos Bíblicos, lançado em Fevereiro de 2012 pela Fonte Editorial (São Paulo). O livro, resultado de meus estudos pessoais e dos contatos com os alunos de exegeses do ICEC, não só marcou minha história profissional e proporcionou-me, mais do que a qualquer outra pessoa, oportunidade de valor inestimável para refletir sobre complexas questões metodológicas que nos acompanham em cada pesquisa empreendida.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

NOVO ARTIGO PUBLICADO: NOVOS MÉTODOS EXEGÉTICOS

Quero apenas divulgar a publicação de mais um artigo meu, cujo título é "Novos Métodos Exegéticos: Em busca de convergências para uma melhor interpretação".

O artigo na verdade apresenta um resumo do meu livro, exige os passos metodológicos resumidos e seguindo o cronograma que planejei, discutindo os pontos em que maior reflexão se faz necessária. Agradeço à Revista Theos pela abertura à publicação deste texto que divulga meu livro.

Para acessar o artigo, basta entrar no site da revista (edição 7, n. 2) e baixar o texto em pdf: http://www.revistatheos.com.br/

Àqueles que preferem ir diretamente ao livro, vale dizer que agora ele também está sendo anunciado no site da Fonte Editorial: http://www.fonteeditorial.com.br/fonte-editorial-catalogo/introducao-a-exegese-um-guia-contemporaneo-para-a-interpretacao-de-textos-biblicos/

Anderson.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

REFLETINDO SOBRE A ORAÇÃO


"As melhores coisas que recebi de Deus são as que eu não pedi. Não é curioso como essa constatação revela a ineficácia dos nossos ritos?"

Acabei de divulgar as palavras acima através do twitter (@andersonexegese), e fiquei pensativo. Eu mesmo criei as frases, mas fiquei com a sensação de que havia muito mais para pensar e dizer sobre isso, e então volto a este blog, instrumento que uso desde 2007 para essas experiências.

Primeiro, experimentemos a primeira frase, testemos sua validade como aforismo: Me pergunto quais são as melhores coisas que recebi de Deus, e claro, penso em dádivas, presentes que eu realmente não tive qualquer participação na obtenção deles. Por exemplo, a própria vida é uma dádiva que (a não ser que você seja espírita) não pedi; porém, recebi a vida de Deus (a não ser que você não creia em Deus) e ela já dura trinta e três anos. Em unidade com a vida, recebi saúde física; o corpo que recebi talvez não seja tão forte como o dos mais privilegiados atletas, nem tão belo quando poderia, mas não posso me queixar. Foi um bom presente, que por muito tempo não valorizei. Agora penso na família que Deus me concedeu, na esposa cujos caminhos fez cruzar com os meus, e gratificante profissão que exerço com satisfação todos os dias... São muitas as coisas que eu não pedi, mas que me foram concedidas.

Agora eu vou inverter o raciocínio, pensar em coisas que eu pedi a Deus: Pra ser honesto, não estou me lembrando de nada grande que eu tenha pedido e recebido (fui até buscar outra xícara de café enquanto pensava nisso). Acho até que descobri algo sobre minha teologia pessoal. Eu não costumo pedir futilidades ou coisas que não são essenciais; minhas orações, que são poucas e mui breves, geralmente acontecem para pedir a manutenção daquelas grandes dádivas. Peço a Deus por minha saúde, por minha esposa, por nossas profissões, por nossas famílias... Às vezes oro por pessoas que precisam de algo que não podemos oferecer, ou peço que, dentro daquelas grandes dádivas, Deus nos preserve, nos permita crescer, realizar sonhos e desfrutar de novas felicidades. Contudo, sempre digo, após pedir, que o mais importante é ser feliz com ou sem essas "bênçãos".

Acho que, sem notar, criei um aforismo precioso: "As melhores coisas que recebi de Deus foram as que eu não pedi".

Depois de escrever estas palavras, talvez por hábito, lancei uma daquelas "alfinetadas" religiosas. Eu lido o tempo todo com públicos religiosos, e sinto que é preciso chocar para provocar a reflexão e o crescimento. Às vezes exagero, sou criticado, crio inimizades, mas nunca fui do tipo que envia mensagens lindas com a intenção de alegrar o próximo e melhor sua autoestima.

É estranho analisar o próprio texto, mas agora passo a falar sobre a segunda parte da minha mensagem, que é uma pergunta: “Não é curioso como essa constatação revela a ineficácia dos nossos ritos?". Aqui talvez o termo “ritos” não seja o ideal, pois falar de rituais religiosos evoca uma discussão demasiadamente ampla. Posso dizer que apenas a oração, que é uma prática religiosa muitas vezes ligada ao ritual, está em pauta. Também admito que “ineficácia” pode ser um exagero. Constatar que as grandes dádivas são aquelas que não pedimos não mostra que a oração é uma prática ineficaz. Aliás, teríamos que definir a que tipo de oração estamos nos referindo.

Como vêem, meus hábitos acadêmicos tornam qualquer conversa extensa e por vezes complicada. Simplificando, eu penso no ato de pedir coisas a Deus, prática muito comum nas religiões, e que hoje praticamente conduz toda a vida de muitas pessoas e instituições. O problema é que não notamos que já recebemos o que é importante, e que tais práticas religiosas deveriam ser motivadas mais pela gratidão do que pelo desejo de obter algo mais. Deveríamos agradecer muito e pedir pouco. Entretanto, tanto pedimos que fica evidente a ineficácia desse tipo de prática religiosa. A verdade simples é que as pessoas não são atendidas na grande maioria dos seus pedidos, mas nem notam quão ineficaz é sua oração, já que haviam pedido coisas de importância relativa.

Bem, não quero desestimular ninguém, nem espero que a religiosidade brasileira seja revolucionada por tais páginas. Mas vale o esforço reflexivo, pois tenho esperança de que alguém vai entender o que estamos discutindo e vai achar o peito cheio de gratidão. Arrisco-me até a dizer que aqueles que não cessam de orar, ou são pessoas que estão carentes de alguma necessidade básica, ou são pessoas que expressam sua ganância através da religião.

Se você tem uma boa família, tem saúde, tem suas necessidades elementares supridas, e não está em contato com ninguém necessitado, é natural que não se sinta compungido a orar a noite toda. Quem sabe que já tem tudo o que alguém pode ter de mais precioso, não faz questão de ficar pedindo mais e mais. Provavelmente você agradecerá a Deus algumas vezes ao longo do dia, e isso lhe parecerá suficiente. Mas há quem tem tudo isso e ainda insista em longas orações. Tudo bem se você quer orar pela igreja, pelos pobres, pelos enfermos, mas a verdade é que não há como ficar uma hora inteira de joelhos sem pedir alguma bobagem. E quem nunca pediu coisas que achava que precisava, e hoje agradece por não ter recebido?

Será que estou buscando justificativas para minha religiosidade descompromissada? Talvez tenha um pouco disso nas minhas palavras, mas provocar a reflexão sempre vale a pena.