Amigos, acabo de ver uma postagem feita no Facebook, de autoria cristã evangélica, que me deixou bastante contrariado. Vou acrescentar a imagem abaixo e peço que leiam. Depois, incluo aqui os mesmos comentários que fiz ao texto na internet. Reflitam e opinem, por favor:
Meus comentários no Facebook: A honra é só para o marido?
Só ele é ousado e capaz de enfrentar desafios? De que autoridade estão
falando que só uma parte tem? E a esposa é uma criança indefesa agora?
Acho que as intenções são ótimas, mas esse ensinamento só mantém as
estruturas desiguais que a sociedade machista estabeleceu para a
sociedade em geral. As diferenças existem, mas na família e no mundo, a
igualdade deve ser o princípio regente. As mulheres deviam questionar
qualquer tipo de pedido à "submissão" não justificada a não ser por
princípios religiosos tão antigos quanto a poligamia.
Análise Crítica para o Blog:
Análise Crítica para o Blog:
Realmente, nota-se que o
texto foi produzido com a intenção de ajudar casais a viverem de maneira mais harmoniosa.
Pede-se respeito, carinho, companheirismo, demonstrações de amor... Todavia, os
pedidos feitos a homens e mulheres são diferentes, e não parecem separados com base
nalguma explicação psicológica. Notemos que o homem precisa ser apoiado, honrado,
respeitado... O marido é um líder na família, um conquistador que enfrenta desafios
e precisa de apoio para vencer corajosamente os adversários externos. Ele protege
a família, cuida da esposa como se ela fosse uma criança indefesa, e merece respeito especial. Por sua vez,
a esposa não parece ter os mesmos desafios, sua atuação é basicamente interna, voltada
para o lar e para o marido. A mulher é fraca, precisa que outro a proteja, é dependente,
e no final deve respeitar a “autoridade” do homem e não criticá-lo.
É importante ressaltar que
a grande manipulação empregada é a intimidação, quando a “inquestionável” autoridade
de Deus é evocada para justificar a submissão feminina.
Por fim, nos parece evidente
que todo o discurso religioso trabalha pela manutenção da estrutura familiar mais
tradicional em os homens são líderes das suas casas, autoridade que não deve ser
discutida, apenas aceita. O papel das mulheres é cuidar do lar, servir ao marido;
ela é fraca e incapaz de enfrentar os mesmos desafios, pelo que o lugar mais apropriado
dela é mesmo o lar. Estamos falando de donas de casa apenas. Em suma, esses conselhos
supostamente religiosos só mantêm as estruturas desiguais e machistas que o cristianismo
estabeleceu para a sociedade em geral. O texto age como destinador, pedindo que
os casais se submetam ao modelo tradicional de família hierarquizada e machista,
e seu grande argumento é que esta é a vontade de Deus. Os destinatários cujos valores
religiosos são semelhantes serão os mais facilmente manipuláveis, e quando aceitam
tal contrato julgam obedecer a Deus, e não a este outro enunciador religioso e antiquado.
Se por um lado podemos dizer
que eram boas as intenções, por outro podemos afirmar que o autor do texto é também
alguém que foi manipulado pelo discurso religioso formulado a séculos, e que também
julga ser alguém a serviço de Deus. A grande questão é pela aplicabilidade desse
modelo familiar na sociedade moderna em que as mulheres não atuam exclusivamente
no lar, nem são mais aqueles sujeitos frágeis, despreparados para a vida fora de casa, completamente dependentes economicamente dos seus maridos. As mulheres modernas também
são confrontadas com outros contratos sociais que sugerem que elas devem ser livres
das antigas opressões machistas, que elas não devem aceitar a desigualdade. Assim,
a igreja evangélica expressa-se de maneira antiquada, ultrapassada, e produz mais
problemas que soluções. Sem dúvida casais passam a viver de maneira mais harmoniosa
frente a tais conselhos, mas no geral, o discurso evangélico vai se mostrando cada
vez mais desatualizado e desnecessário diante da sociedade que o cerca, produzindo
cidadãos conservadores e preconceituosos quanto aos demais, e se tornando cada vez
mais depreciada. Sugeriríamos que tais empreendimentos voltados para os valores familiares se tualizassem, mas para
isso seria necessário, antes de mais nada, aprender a ler a Bíblia fora da perspectiva
fundamentalista que impera nesse meio religioso. Não dá mais para continuar dizendo às mulheres: sejam submissas aos homens, porque é assim que Deus quer e pronto.