sexta-feira, 23 de março de 2012

LENDO FILIPENSES: 1.3-6


Expressões de alegria e gratidão (1.3-6)

A carta em si começa a partir do versículo 3, e para sua análise, vamos trabalhar as estruturas internas do texto, dissecando as frases uma a uma e então fazendo considerações preliminares sobre seus conteúdos. Começaremos dividindo os versículo 3 a 6 em três partes:

Agradeço a Deus quando lembro de vocês

Nas minhas orações por vocês

Com alegria

Por causa da cooperação com o evangelho (?)

· desde o primeiro dia

· até agora

Estou convencido...:

aquele que começou boa obra (?)

vai completá-la

até o dia de Cristo

Estes esboços nos apresentam uma tentativa de dissecar o conteúdo dos versículo 3 a 6. Primeiro, nota-se que dividimos o conteúdo em três unidades, e isso já facilita nossa análise, pois os comentaremos agora individualmente.

A primeira unidade, que vamos chamar de A, dá início à carta com uma exultação, e é composta pelos versículos 3 e 4. O autor expressa sua alegria, sua satisfação em relação aos destinatários (os filipenses) em sua linguagem religiosa. Ou seja, é orando e agradecendo a Deus que ele demonstra seus sentimentos. Assim, olhando para o nosso gráfico, fica claro que separamos a “alegria” e o ato de agradecer a Deus, por nos parecerem os pontos mais relevantes. Depois, temos alguns detalhamento, onde ficamos sabendo que quando Paulo fala de “agradeço a Deus”, ele está falando de um formato de oração, o que especifica temporalmente quando ele faz tais agradecimentos. Por fim temos os pronomes, que só indicam aos leitores (coletivamente), que é por eles que se agradece. Em resumo, a ação envolvida, a oração, é um elemento secundário nesta primeira unidade; central mesmo é o sentimento de satisfação, a alegria que impulsiona a ação. Assim, A nos fala, acima de tudo, dos sentimentos favoráveis do apóstolo em relação aos filipenses.

A segunda unidade (B), já não fala apenas de sentimento. Diríamos que o que temos agora é uma explicação para aquele sentimento de alegria. Os filipenses cooperam com o evangelho, e é isso que faz Paulo tão feliz. Obviamente, o texto por si só não nos oferece ainda recursos suficientes para expliquemos o que esta “cooperação”, pelo que, incluímos uma interrogação no texto entre parênteses. Fica esta dúvida para adiante, e esperamos que noutro ponto desta carta o texto nos dê indícios para a interpretação, evitando assim que nos envolvamos em especulações. O que sobre desta segunda unidade textual são também expressões temporais, que indicam que a tal cooperação com o evangelho por parte dos filipenses é contínua. Ou seja, eles cooperam desde o dia em que conheceram o evangelho, até o momento em que a carta estava sendo escrita. Ainda que não tenhamos condições de entender que a tipo de ação o texto se refere, já podemos dizer que esta segunda parte, abandonando a exultação, os sentimentos, passou diretamente para as ações; então, o que temos nesta segunda unidade é o esclarecimento de que boa obra Paulo se alegra. Se A fala de sentimentos, B fala de obras.

Chegamos à parte C, a terceira porção de texto que separamos em nossa reestruturação formal. Quando Paulo diz que está convencido, temos que nos lembrar de que esta certeza é o resultado do que já foi dito; ou seja, os filipenses cooperam com o evangelho continuamente, e isso alegra o apóstolo e o faz crer que Deus também vê tais obras da mesma maneira. Aqui, temos novas expressões que não se explicam por si mesmas. Primeiro o pronome demonstrativo “aquele”, que imaginamos ser Deus; depois a “boa obra”, que permanece subjetiva para nós. Evidente são as indicações temporais que ligamos de forma vertical na estrutura. Paulo acredita que uma “boa obra” estava sendo feita pelos filipenses também, e por conta do bom desempenho deles na cooperação com o evangelho, mostra-se confiante de que esta obra será completada, e isso até o “dia de Cristo”, que deve ser a parousia.

Nesta parte C misturam-se as expectativas escatológicas de Paulo aos seus sentimentos pela comunidade filipense. Ele se alegra pelo que fazem, mostra-se muito satisfeito, e imagina que tamanha fidelidade só pode resultar em retribuição divina, retribuição que curiosamente não lhes viria na “vida eterna”, mas em breve, antes da volta de Cristo. Enfim, os filipenses haviam contribuído com o evangelho, como efeito de tal atitude, Paulo sente-se satisfeito, e demonstra a esperança de que tais gestos resultarão em recompensas da parte de Deus

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