Trago aqui apenas uma reflexão pessoal que nasce a partir do meu próprio olhar sobre este blog. Eu me explico: Olho para as últimas postagens e vejo meus textos seguindo dois caminhos distintos. Alguns são bem científicos, e acho que já não sei avaliar quão difíceis ou até inacessíveis eles são aos leitores deste blog. Continuo os escrevendo e postando, e não faço isso porque pretendo exibir conhecimento acadêmico (na verdade tento me fazer compreender e até simplifico alguns textos para este blog), mas porque eles expressam bem o que realmente ando pensando, aprendendo, trabalhando... Por outro lado, me orgulho quando consigo postar textos mais práticos. Eles também são reflexivos, às vezes teóricos, às vezes discutem interpretação de textos bíblicos, mas o número de acessos e de comentários destes textos demonstram que são de interesse bem maior para os leitores em geral. São dois caminhos que considero necessários, o teórico e o prático.
Anos atrás, a vida me exigia mais trabalhos práticos. Não que eu fosse um leigo desinteressado nas teorias, mas escrevia para a igreja, era uma necessidade, e acho que conseguia atingir os objetivos. Naquela época eu já fazia algumas tentativas mais teóricas, mas hoje vejo que toda a produção daqueles dias se caracteriza pela superficialidade. Aos poucos, vou apagando os arquivos, jogando fora os papéis, excluindo as postagens mais antigas do blog... Pode ser que eu, sem notar, esteja apagando minha própria história, mas estes gestos demonstram o meu amadurecimento.
A vida mesmo me levou a novos caminhos, e estas veredas acadêmicas que para alguns são penosas, me apaixonam. Conheci pessoas, livros, idéias e teorias. Fiz pós-graduação, mestrado e hoje faço doutorado, um desenvolvimento que pouco a pouco me faz cada vez mais teórico, cada vez mais científico, e ao mesmo tempo, menos popular. A tese que hoje desenvolvo me parece fascinante, mas sei que ela só será bem recebida nos círculos acadêmicos.
Pois bem, este blog, então, é minha “válvula de escape”. Faço aqui desabafos, falo outra vez de questões eclesiásticas, reflito sobre a minha vida e procuro também influenciar a vida de outros. O exercício da linguagem coloquial que aqui faço sempre me ajuda a manter-me próximo do leitor cristão não interessado nas teorias, mas hoje, vejo que mesmo estes textos que chamo de “práticos” possuem um nível de profundidade argumentativa que excede muito àquela dos antigos textos práticos. Enfim, a teoria me cativou e me fez mais cientista que cristão, porém, ela também me fez um cristão mais profundo.
É isso o que eu queria dizer nesta postagem: Tanto a preocupação teórica quanto a prática são indispensáveis. Quem deixa de ser um ouvinte “leigo” e entra para o time dos pregadores, escritores, professores e líderes, deve se preocupar com o aprimoramento teórico, com o estudo. Se queremos formar opiniões, que pelo menos formemos opiniões sensatas. O isolamento acadêmico também não é um bom caminho, tanta experiência deve sempre oferecer ao mundo alguma contribuição direta.
Enfim, eu temo falar de coisas que não conheço, e sou resistente àquelas pessoas que falam demais e acabam palpitando sobre tudo (pior ainda quando usam os “altares” ou os “títulos” para legitimar suas falas). Eu já fiz isso, mas o conhecimento me ajudou a evitar emitir meus juízos e falsas “verdades” de maneira descuidada. Quem possui conhecimento teórico, e preocupação com uma prática responsável, não cometerá tantos erros.
Um comentário:
Obrigado por essas aula!
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