Para cada texto bíblico há teorias que procuram explicar sua origem, sua data, sua nacionalidade, seu propósito... Mas a verdade é que os textos bíblicos em geral não possuem referências claras para responder a qualquer uma dessas perguntas, e por isso o que temos são teorias, hipóteses, e não certezas.
Todavia, teorias não são meros palpites; são explicações baseadas nas análises dos dados disponíveis que oferecem respostas ao menos provisórias, e com certeza é melhor ter uma teoria do que ficar sem nenhuma. Assim, costumo dizer que quando lidamos com a Bíblia temos que estudar as teorias e adotar uma, e só se pode dizer que alguma teoria é falsa e rejeitá-la quando temos outra teoria que a supere.
No meu caso, como estudioso de Mateus, adotei a teoria de que o autor não é o apóstolo de Jesus, não foi testemunha ocular dos fatos. Também aceito a hipótese de que foi escrito entre as décadas de 80 e 90 do primeiro século, e em algum centro urbano da Galiléia, provavelmente Tiberíades ou Séforis. A partir dessas informações interpreto o conflito com os fariseus, o problema econômico e a construção de identidade do grupo de Mateus. Assim, a teoria adotada, tirada de conclusões próprias e da comparação de diversas outras teorias anteriores, me dá recursos para ler o evangelho, e no futuro poderei até mudar de idéia quanto à validade dessa teoria literária, mas para isso teria que adotar outra, ou as palavras do livro ficam no ar.
Enfim, temos que ler o que outros falam sobre nosso texto. Lemos introduções ao Novo e Antigo Testamentos, as primeiras partes de comentários e outros livros especializados no assunto; então fazemos nossas escolhas e aplicamos as teorias sobre data, lugar geográfico, autoria etc, ao estudo do texto bíblico.
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