O Exegeta e seu Público
Para falar da natureza da atividade exegética, temos que considerar que esta exegese a que me refiro é bíblica; trata-se de uma ciência, é verdade, mas de uma ciência cujo objeto de estudo é um ajuntamento de livros que são venerados principalmente por religiosos. Isso não quer dizer que a Bíblia contenha apenas conteúdo religioso, mas que seus leitores comuns a vêem como um livro unicamente religioso. Para falar a verdade, dificilmente encontraremos um exegeta que não tenha, ao menos no começo dos seus estudos, alimentado um relacionamento de fé para com a Bíblia. Essa primeira constatação já possui várias implicações para a nossa reflexão:
Primeiro, vemos que o exegeta é um profissional capaz de desmistificar as narrativas bíblicas e de revelar o valor que elas possuem como artefatos da humanidade. A Bíblia pode ser lida como fonte para a pesquisa sobre a antiguidade, para a compreensão da religiosidade, da cultura, da política, da economia... Segundo meu ponto de vista, é papel do exegeta demonstrar que não é preciso ser judeu ou cristão para apreciar suas narrativas, e que mesmo se a religião cristã um dia chegasse ao fim, a Bíblia mereceria um lugar entre as grandes criações literárias dos povos antigos ao lado de Homero.
Em segundo lugar o exegeta brasileiro deve sempre levar em conta que os cristãos continuam considerando-se os “donos” dessa literatura, o que quer dizer que sempre, por mais acadêmicos que sejamos, os cristãos comporão a maior parte do nosso público. Ora, o exegeta encontrará eventuais resistências às suas ideias, já que a exegese, não comprometida com dogmas, inevitavelmente apresentará leituras que comprometem o status eclesiástico. Felizmente, nos dias de hoje não acredito que tais resistências possam transformar-se em animosidades mais severas, em perseguições. Por outro lado, o apreço que os cristãos dedicam à Bíblia é o grande aliado para que o profissional dedicado à exegese encontre nessa atividade uma fonte de subsistência. O público religioso, em especial os evangélicos que nesses nossos dias demonstram cada vez mais interesse pelo conhecimento bíblico, comporá nossa principal audiência, seja na igreja, nos seminários ou nas universidades... Só posso sugerir que o exegeta seja simpático ao seu público e se aproveite com prudência do próprio fundamentalismo religioso para demonstrar o valor que seu empenho interpretativo possui.
Em resumo, o exegeta tem em suas mãos a responsabilidade de conhecer, preservar e divulgar a literatura bíblica em todas as instâncias da sociedade, o que é um trabalho em favor da humanidade. Mas é em relação ao seu público religioso que o exegeta é mais responsável, pois como são sua principal audiência, este será o público mais influenciado por seu trabalho. A exegese é capaz de transformar a religiosidade dos indivíduos, estudantes de teologia e ciências da religião em primeiro lugar, e dos ouvintes que nas igrejas poderão ser instruídos por sermões mais inteligentes. A exegese pode então transformar grupos religiosos, e quiçá em longo prazo não possa expandir estes resultados à religiosidade de toda uma nação?
Para falar da natureza da atividade exegética, temos que considerar que esta exegese a que me refiro é bíblica; trata-se de uma ciência, é verdade, mas de uma ciência cujo objeto de estudo é um ajuntamento de livros que são venerados principalmente por religiosos. Isso não quer dizer que a Bíblia contenha apenas conteúdo religioso, mas que seus leitores comuns a vêem como um livro unicamente religioso. Para falar a verdade, dificilmente encontraremos um exegeta que não tenha, ao menos no começo dos seus estudos, alimentado um relacionamento de fé para com a Bíblia. Essa primeira constatação já possui várias implicações para a nossa reflexão:
Primeiro, vemos que o exegeta é um profissional capaz de desmistificar as narrativas bíblicas e de revelar o valor que elas possuem como artefatos da humanidade. A Bíblia pode ser lida como fonte para a pesquisa sobre a antiguidade, para a compreensão da religiosidade, da cultura, da política, da economia... Segundo meu ponto de vista, é papel do exegeta demonstrar que não é preciso ser judeu ou cristão para apreciar suas narrativas, e que mesmo se a religião cristã um dia chegasse ao fim, a Bíblia mereceria um lugar entre as grandes criações literárias dos povos antigos ao lado de Homero.
Em segundo lugar o exegeta brasileiro deve sempre levar em conta que os cristãos continuam considerando-se os “donos” dessa literatura, o que quer dizer que sempre, por mais acadêmicos que sejamos, os cristãos comporão a maior parte do nosso público. Ora, o exegeta encontrará eventuais resistências às suas ideias, já que a exegese, não comprometida com dogmas, inevitavelmente apresentará leituras que comprometem o status eclesiástico. Felizmente, nos dias de hoje não acredito que tais resistências possam transformar-se em animosidades mais severas, em perseguições. Por outro lado, o apreço que os cristãos dedicam à Bíblia é o grande aliado para que o profissional dedicado à exegese encontre nessa atividade uma fonte de subsistência. O público religioso, em especial os evangélicos que nesses nossos dias demonstram cada vez mais interesse pelo conhecimento bíblico, comporá nossa principal audiência, seja na igreja, nos seminários ou nas universidades... Só posso sugerir que o exegeta seja simpático ao seu público e se aproveite com prudência do próprio fundamentalismo religioso para demonstrar o valor que seu empenho interpretativo possui.
Em resumo, o exegeta tem em suas mãos a responsabilidade de conhecer, preservar e divulgar a literatura bíblica em todas as instâncias da sociedade, o que é um trabalho em favor da humanidade. Mas é em relação ao seu público religioso que o exegeta é mais responsável, pois como são sua principal audiência, este será o público mais influenciado por seu trabalho. A exegese é capaz de transformar a religiosidade dos indivíduos, estudantes de teologia e ciências da religião em primeiro lugar, e dos ouvintes que nas igrejas poderão ser instruídos por sermões mais inteligentes. A exegese pode então transformar grupos religiosos, e quiçá em longo prazo não possa expandir estes resultados à religiosidade de toda uma nação?
Um comentário:
Gostei viu!?
Mande mais porque cada vez está melhor.
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